Chevron encerra operações de extração de petróleo na Venezuela
Sábado, 15 de março de 2025

Chevron encerra operações de extração de petróleo na Venezuela

Trump seca as fontes financeiras de Maduro. Ele está planejando uma mudança de regime ou quer concessões na política de migração? // Reprodução

Porto Velho, RO - A partir de abril, a Chevron, gigante americana do petróleo, não poderá mais realizar atividades de extração na Venezuela.

Essa decisão ocorre em um momento em que o governo de Donald Trump parece intensificar a pressão sobre o regime de Nicolás Maduro, levantando questionamentos sobre as reais intenções da política externa americana na região.

Desde o início do seu mandato, a administração Trump demonstrou uma abordagem imprevisível em relação à América Latina, sendo a Venezuela um dos principais focos dessa dinâmica.

Trump anunciou que revogaria as concessões dadas ao governo de Maduro. A permissão para a Chevron operar na Venezuela foi inicialmente concedida pela administração Biden, sob a condição de que Maduro realizasse eleições justas.

Entretanto, mesmo após de as eleições terem sido fraudada no ano passado, Biden não retirou as concessões.

Impacto sobre a economia

Com o término das operações da Chevron programado para 3 de abril, espera-se que essa decisão tenha um forte impacto sobre a já fragilizada economia venezuelana.

A Chevron exportava cerca de 240 mil barris por dia para os Estados Unidos, representando uma receita anual entre 2 e 3 bilhões de dólares para o governo Maduro.

Atualmente, estima-se que empresas ocidentais sejam responsáveis por metade das exportações de petróleo da Venezuela.

No entanto, permanece incerto se outras empresas como Eni (Itália), Repsol (Espanha) e Reliance Industries (Índia) também enfrentarão restrições similares. É improvável que as companhias europeias continuem suas atividades enquanto a Chevron for proibida.

Setor energético

A produção diária de petróleo na Venezuela atualmente gira em torno de um milhão de barris, uma quantidade irrisória comparada aos mais de três milhões extraídos há 25 anos.

A deterioração das infraestruturas e a corrupção endêmica têm contribuído para esta crise prolongada no setor energético do país.

Com a saída da Chevron, o regime pode se ver obrigado a buscar alternativas ilegais para comercializar seu petróleo com países como China e Índia.

No entanto, essa estratégia implicaria vendas a preços significativamente inferiores ao mercado global, complicadas ainda mais pelas novas políticas da OPEC que visam aumentar a produção.

Analistas preveem que a economia da Venezuela possa encolher até 7,5% este ano devido à saída da Chevron, interrompendo um tímido crescimento projetado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) após anos de recessão severa.

Máxima pressão?

Desde 2013, quando Maduro assumiu o poder, a economia do país já havia encolhido cerca de 70% e milhões de venezuelanos deixaram o país em busca de melhores condições de vida.

Ainda é incerto se Trump pretende reverter sua estratégia anterior conhecida como “máxima pressão”, utilizada durante seu primeiro mandato.

Essa abordagem incluiu sanções severas para isolar economicamente o regime venezuelano.

Recentemente, houve indícios de que Trump poderia estar aberto ao diálogo com Maduro; no entanto, o recente endurecimento das políticas sugere outra direção.

Há especulações sobre se essa mudança na política americana pode estar relacionada ao impasse nas negociações sobre a repatriação de migrantes venezuelanos nos Estados Unidos.

Especialistas indicam que o governo Trump pode estar buscando pressionar Caracas por meio da limitação das operações petrolíferas para obter concessões em questões migratórias.

Fonte: O Antagonista


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