
Porto Velho, RO - A partir de abril, a Chevron, gigante americana do petróleo, não poderá mais realizar atividades de extração na Venezuela.
Essa decisão ocorre em um momento em que o governo de Donald Trump parece intensificar a pressão sobre o regime de Nicolás Maduro, levantando questionamentos sobre as reais intenções da política externa americana na região.
Desde o início do seu mandato, a administração Trump demonstrou uma abordagem imprevisível em relação à América Latina, sendo a Venezuela um dos principais focos dessa dinâmica.
Trump anunciou que revogaria as concessões dadas ao governo de Maduro. A permissão para a Chevron operar na Venezuela foi inicialmente concedida pela administração Biden, sob a condição de que Maduro realizasse eleições justas.
Entretanto, mesmo após de as eleições terem sido fraudada no ano passado, Biden não retirou as concessões.
Impacto sobre a economia
Com o término das operações da Chevron programado para 3 de abril, espera-se que essa decisão tenha um forte impacto sobre a já fragilizada economia venezuelana.
A Chevron exportava cerca de 240 mil barris por dia para os Estados Unidos, representando uma receita anual entre 2 e 3 bilhões de dólares para o governo Maduro.
Atualmente, estima-se que empresas ocidentais sejam responsáveis por metade das exportações de petróleo da Venezuela.
No entanto, permanece incerto se outras empresas como Eni (Itália), Repsol (Espanha) e Reliance Industries (Índia) também enfrentarão restrições similares. É improvável que as companhias europeias continuem suas atividades enquanto a Chevron for proibida.
Setor energético
A produção diária de petróleo na Venezuela atualmente gira em torno de um milhão de barris, uma quantidade irrisória comparada aos mais de três milhões extraídos há 25 anos.
A deterioração das infraestruturas e a corrupção endêmica têm contribuído para esta crise prolongada no setor energético do país.
Com a saída da Chevron, o regime pode se ver obrigado a buscar alternativas ilegais para comercializar seu petróleo com países como China e Índia.
No entanto, essa estratégia implicaria vendas a preços significativamente inferiores ao mercado global, complicadas ainda mais pelas novas políticas da OPEC que visam aumentar a produção.
Analistas preveem que a economia da Venezuela possa encolher até 7,5% este ano devido à saída da Chevron, interrompendo um tímido crescimento projetado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) após anos de recessão severa.
Máxima pressão?
Desde 2013, quando Maduro assumiu o poder, a economia do país já havia encolhido cerca de 70% e milhões de venezuelanos deixaram o país em busca de melhores condições de vida.
Ainda é incerto se Trump pretende reverter sua estratégia anterior conhecida como “máxima pressão”, utilizada durante seu primeiro mandato.
Essa abordagem incluiu sanções severas para isolar economicamente o regime venezuelano.
Recentemente, houve indícios de que Trump poderia estar aberto ao diálogo com Maduro; no entanto, o recente endurecimento das políticas sugere outra direção.
Há especulações sobre se essa mudança na política americana pode estar relacionada ao impasse nas negociações sobre a repatriação de migrantes venezuelanos nos Estados Unidos.
Especialistas indicam que o governo Trump pode estar buscando pressionar Caracas por meio da limitação das operações petrolíferas para obter concessões em questões migratórias.
Fonte: O Antagonista
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