"Não podemos permitir que a história se repita", diz o texto assinado por mais de cem sobreviventes do nazismo. Reprodução
Porto Velho, RO - Mais de cem sobreviventes do Holocausto judeu na Segunda Guerra Mundial assinaram um manifesto conjunto, publicado no jornal The Australian, para alertar para as manifestações antissemitas que se seguiram aos ataques do Hamas em Israel.
No texto, eles se dizem “testemunhas da propaganda antissemita que virou nossos amigos, vizinhos e o público em geral contra nós na Europa” e que, desde os ataques do Hamas em Israel no 7 de outubro, têm visto “uma explosão de antissemitismo sem precedentes em nossas ruas, em nossas telas de televisão, nas redes sociais e em nossas universidades”.
A data para a publicação do manifesto é simbólica. Há exatos 85 anos, em 1938, ocorreu a Kristallnacht (Noite dos Cristais), quando “o regime nazista assassinou judeus e atacou a vida judaica, espalhando terror e queimando sinagogas”.
“Nunca, nós, os sobreviventes do Holocausto, sentimos a necessidade de fazer uma declaração coletiva como esta até agora. Nunca pensamos que testemunharíamos uma reencenação do ódio insensato e virulento contra os judeus que enfrentamos na Europa. As ações do Hamas são tão familiares, tão bárbaras, mas, em vez de condenar isso, a resposta em todo o mundo é um vergonhoso aumento do antissemitismo”, lamentam os sobreviventes do Holocausto.
Leia a íntegra do manifesto:
Declaração de Sobreviventes do Holocausto na Austrália
Nós, os sobreviventes do Holocausto abaixo assinados, somos as últimas testemunhas dos horrores indizíveis do regime nazista. Somos testemunhas da propaganda antissemita que virou nossos amigos, vizinhos e o público em geral contra nós na Europa. Lembramo-nos dos seis milhões de vidas judaicas perdidas por causa desse ódio.
Em 7 de outubro de 2023, testemunhamos os horrores dos ataques terroristas do Hamas em Israel e a guerra resultante, com sua terrível perda de vidas. Desde então, temos visto uma explosão de antissemitismo sem precedentes em nossas ruas, em nossas telas de televisão, nas redes sociais e em nossas universidades.
Escrevemos esta carta agora porque hoje marca 85 anos desde a Kristallnacht (Noite dos Cristais). Em 9 de novembro de 1938, o regime nazista assassinou judeus e atacou a vida judaica, espalhando terror e queimando sinagogas.
Em vez de condenar essas atrocidades, o mundo ficou observando.
Nunca, nós, os sobreviventes do Holocausto, sentimos a necessidade de fazer uma declaração coletiva como esta até agora. Nunca pensamos que testemunharíamos uma reencenação do ódio insensato e virulento contra os judeus que enfrentamos na Europa. As ações do Hamas são tão familiares, tão bárbaras, mas, em vez de condenar isso, a resposta em todo o mundo é um vergonhoso aumento do antissemitismo.
Nossas memórias e experiências em guetos, campos de concentração e escondidos – vendo nossas famílias e comunidades desaparecerem – nos impulsionam a levantar nossas vozes e implorar à humanidade que rejeite o ódio, o preconceito e a violência. Para reconhecer a agenda do Hamas, condená-la adequadamente e exigir a libertação imediata de todos os reféns – homens, mulheres, bebês e idosos.
Não podemos permitir que a história se repita.
Diante da adversidade, aprendemos a importância da resiliência, da unidade e da esperança. Acreditamos no poder da educação e da lembrança para prevenir que as atrocidades do passado ocorram novamente. Juntos, podemos lutar por um mundo onde cada indivíduo, independentemente de sua fé, independentemente de sua origem cultural, possa viver em paz e segurança.
O antissemitismo é um dos vírus mais antigos e contagiosos do mundo. Pedimos a todos os australianos que denunciem o antissemitismo e o ódio que vemos hoje em nosso belo país e em todo o mundo.
Pedimos que vocês estejam conosco.
Fonte: O Antagonista
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