Mercenários rebeldes russos recuaram após acordo com Moscou
Porto Velho, RO - Os governos dos Estados Unidos e da China se manifestaram após recuo de ofensiva liderada por mercenários rebeldes russos armados, conhecidos como Wagner.
O desafio sem precedentes ao presidente russo, Vladimir Putin, por combatentes do grupo Wagner expôs novas "rachaduras" na força de sua liderança que podem levar semanas ou meses para se resolver, disse o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, neste domingo (25).
"Acredito que não vimos o ato final", disse Blinken à ABC News, em uma de uma série de entrevistas, após um motim abortado pelas forças lideradas por Yevgeny Prigozhin.
Blinken afirmou que as tensões que desencadearam a ação vêm aumentando há meses e que a turbulência pode afetar as capacidades militares de Moscou na Ucrânia. Ele descreveu a turbulência como um "assunto interno" para Putin.
"Observamos mais rachaduras surgirem na fachada russa. É muito cedo para dizer exatamente para onde vão e quando chegarão lá. Mas, certamente, temos todo tipo de novas questões que Putin terá de abordar nas próximas semanas e meses", disse Blinken ao programa "Meet the Press", da NBC.
"Nosso foco está resoluto e incansavelmente na Ucrânia, garantindo que ela tenha o que precisa para se defender e retomar o território que a Rússia tomou", disse Blinken.
Forças lideradas por Prigozhin, ex-aliado de Putin, travaram as batalhas mais sangrentas na guerra de 16 meses da Rússia na Ucrânia.
"Na medida em que os russos estão distraídos e divididos, isso pode tornar mais difícil o processo de violência contra a Ucrânia", disse Blinken ao programa "This Week" da ABC.
China
O Ministério das Relações Exteriores da China expressou, neste domingo, apoio à Rússia na manutenção de sua estabilidade nacional.
O vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Andrei Rudenko, conversou neste domingo em Pequim sobre questões "internacionais", após o desafio mais sério ao poder do presidente Vladimir Putin desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, em fevereiro de 2022.
"O lado chinês expressou apoio aos esforços da liderança da Federação Russa para estabilizar a situação no país em conexão com os eventos de 24 de junho e confirmou seu interesse em fortalecer a coesão e maior prosperidade da Rússia", disse o Ministério das Relações Exteriores da Rússia.
O Ministério das Relações Exteriores da China disse, inicialmente, que Rudenko havia trocado pontos de vista com o ministro das Relações Exteriores da China, Qin Gang, sobre as relações sino-russas, bem como "questões internacionais e regionais de interesse comum".
Posteriormente, disse que a China apoia a Rússia na manutenção de sua estabilidade nacional e, que a recente escalada nas tensões na Rússia, são "assuntos internos" do país.
Não ficou claro quando Rudenko chegou a Pequim e se sua visita à China, um importante aliado da Rússia, foi em resposta à rebelião liderada pelo líder mercenário Yevgeny Prigozhin.
A rebelião foi interrompida no sábado (24) com um acordo que poupou Prigozhin e seus mercenários de enfrentarem acusações criminais, em troca da retirada dos paramilitares pelo líder e levá-los de volta a suas bases e ele ir para Belarus.
A China não fez comentários anteriores sobre a rebelião, que Putin disse ameaçar a própria existência da Rússia, ao mesmo tempo em que líderes ocidentais, incluindo o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disseram monitorar de perto a situação.
"A China apoiará a Rússia enquanto enfatiza a não interferência em seus assuntos internos", disse Song Zhongping, especialista militar chinês e comentarista de TV, à Reuters. A rebelião foi acompanhada de perto pela mídia chinesa, que se absteve de fazer comentários antes de qualquer declaração oficial.
O Global Times, controlado pelo governo chinês, no entanto, declarou no sábado que promover a “rebelião" de Prigozhin e criar uma "ilusão" de que a Rússia tem muitas contradições internas e que "o prédio está desabando" representava o mais recente ataque da mídia ocidental e outra tentativa de minar a unidade social russa.
Fonte: David Morgan, Hannah Lang, Ryan Woo e Alexander Marrow - Washington e Pequim
0 Comentários