Cafeterias, padarias e confeitarias registram queda de 90% durante pandemia

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Na Mira do Povo

Cafeterias, padarias e confeitarias registram queda de 90% durante pandemia


Porto Velho, RO - O hábito diário de muitos bageenses tem sido seriamente afetado diante da crise causada pela pandemia por coronavírus. Isso porque o tradicional cafezinho a qualquer hora do dia nos estabelecimentos no centro de Bagé chegou a perder 90% de seu movimento habitual e os empresários gastam as calculadoras para manter seus negócios, enquanto a crise não tem data ou hora para terminar. A reportagem do Folha do Sul conversou com gestores de três pontos tradicionais de venda e a avaliação dos gestores é pouco animadora por conta da continuidade da crise causada pela pandemia da covid-19.

Em um dos maiores estabelecimentos do ramo na cidade, antes do lockdown que durou quase um mês, chegavam a circular 1,5 mil pessoas por dia, das 7h às 0h. Hoje, o local que reabriu após o fim de semana de Páscoa, recuperou somente 30% do movimento habitual. Os dois sócios, que preferiram não se identificar, ressaltaram a gravidade da situação: “Está realmente muito ruim. Neste horário (15h), nós costumávamos ter todas as mesas ocupadas e hoje, temos somente quatro”, disse um deles.

Mesmo tendo acatado todas as recomendações e atendendo a todas as normas sanitárias, o movimento continua muito aquém do patamar anterior à chegada do vírus a Bagé. Eles atribuem a queda drástica no fluxo pelo medo causado por um eventual contágio. “As pessoas estão com medo de sair. Isso tem afetado muito o negócio, além de estarmos restritos a abrir somente à tarde, o que afasta muitos clientes, trabalhadores do comércio em nosso entorno”, pontuou.

Outra situação apontada pelos sócios é que o local, que também funciona como padaria, confeitaria e restaurante é a característica de consumo: “Não é só pelo café ou pelo que servimos à mesa. Essas pessoas frequentam porque é um ponto de encontro, de socialização. Com o receio de sair, mesmo com a reabertura do comércio, o movimento segue baixo e não se sabe ainda quando essa situação vai continuar”, relatou. Pelo perfil da clientela, os sócios destacaram que o serviço de entregas não teria resultados significativos: “Representa muito pouco do que vendemos e não tem impacto positivo nas vendas”.

No estabelecimento de Neuza Affonso, bastante conhecido na região central, foi mantido um serviço de entregas, porém, não foram registrados, além de 5% de incremento nas vendas; enquanto o atendimento presencial chegou a decair também em 90% durante o auge da crise e hoje, não chega a 10% do que era antes do fechamento do comércio. “Se estivermos com 10% do que tínhamos antes, é muito”, lamentou.

Com 20 anos de experiência e 10 trabalhando no mesmo local, Neuza disse que jamais vivera situação semelhante: “Trabalhamos somente com entregas até a Páscoa e o retorno foi mínimo, infelizmente”.

Para Richarles Martin Nogueira, proprietário de uma livraria que também é um tradicional ponto de encontro para os apreciadores de um bom café, o momento é assustador: “Temos hoje entre 10% a 15% do que tínhamos em termos de movimentação de clientes e registramos somente 5% de incremento em nossos serviços de delivery. Já passamos por crises em que perdemos 30% da clientela, mas nunca tínhamos chegado a 90%”.

Demissões

Os sócios do primeiro estabelecimento visitado pela reportagem deixaram claro que a crise afetou seriamente todo o setor: “Antes da pandemia, tínhamos 29 funcionários e tivemos de desligar 10 desses trabalhadores, porque simplesmente não era possível manter o funcionamento com 90% de queda no fluxo. É uma questão de sobrevivência para as empresa e também para os funcionários. Mesmo assim, o movimento continua muito abaixo e precisaremos do apoio governamental para manter esses empregos, coisa que ainda não foi sinalizada de fato. Enquanto isso, colocamos todos os fornecedores em dia, estamos toda a folha de pagamento quitada e estamos buscando alternativas para manter a sustentabilidade do negócio”, alertou.

Na empresa de Neuza, dois trabalhadores foram colocados em férias e outros dois foram desligados ao fim do período de experiência.

No estabelecimento de Nogueira, ele decidiu por manter o quadro de funcionários, enquanto busca soluções para manter os serviços. “Muito do que afeta este modelo de negócio é que o delivery é mais utilizado pelos clientes no período noturno. São aqueles que pedem comida em casa à noite, para jantar. Quantas pessoas você conhece que pede café por delivery pela manhã? Não é o perfil dos clientes de Bagé e a restrição de horários afeta muito justamente a parte do dia que tem mais movimento”, detalhou.

Alternativas

Nos três estabelecimentos consultados pela reportagem, uma das medidas orientadas pelos gestores é a ampliação dos horários de comércio, o que também, na opinião dos empresários, reduziria as aglomerações. “Mesmo um fluxo menor, com horários mais amplos, se evitariam aglomerações e também o movimento ficaria mais esparso, porém, mais consistente, além de atender à demanda dos clientes e do perfil do nosso setor”, asseverou Neuza. Conforme Nogueira, será o fluxo de clientes que vai ajudar a manter os empregos e a renda, enquanto se buscam outras soluções. "Tenho acompanhado cursos on-line e visto diversas avaliações sobre como gerir a empresa e o que se diz é que tudo vai mudar, porém, não se vê ainda um horizonte. Nada garante que vá ser igual ao que era antes. Além disso, temos um paradoxo: se por um lado, é encorajado o consumo em empresas locais, por outro, é orientado para ficar em casa. É preciso construir soluções para isso”, argumentou.

No caso da primeira empresa consultada, os gestores foram claros em cobrar medidas efetivas por parte dos governos para auxiliar as empresas e manter a geração de emprego e renda. “Ninguém estava preparado para esta situação e ninguém pode se dar ao luxo de dizer que sabe o que vai acontecer. Nossa responsabilidade neste momento é manter a sustentabilidade da empresa e não correr o risco de após essa reabertura, ter de fechar tudo de novo logo adiante. Temos uma responsabilidade social, contudo, o governo ainda não apresentou soluções, de fato, para as empresas”, acrescentou.




Fonte: Folha do Sul

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