A filha do Mestre Moa do Katendê, capoeirista morto a facadas, durante uma discussão política na madrugada de segunda-feira (8), em Salvador, prestou depoimento no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), na tarde desta quarta-feira (10).
Pouco antes de ser ouvida pela polícia, Somanali Costa, falou com a imprensa e pediu por justiça. “A gente espera que a justiça seja feita, porque ele [suspeito] tirou a vida de um pai de família, um inocente”, disse Simonali.
Um grupo de 13 capoeiristas, amigos de mestre Moa, também compareceu ao DHPP. Com cantos de capoeira, pediam justiça e homenageavam a vítima.
Grupo de capoeiristas também esteve no DHPP para pedir justiça pela morte de Moa e homenagear a vítima — Foto: João Souza/ G1
Segundo a filha do capoeirista, Moa do Katendê era uma pessoa que não tinha histórico de brigas. “Meu pai não tinha envolvimento em confusão nenhuma, se fizer uma sindicância no bairro em que ele morava, vai ver o grande homem, o mestre de capoeira, mestre Moa do Katendê. Ele só queria educar as pessoas, trabalhar com os alunos dele”, disse emocionada.
“Desculpa não vai trazer a vida de meu pai de volta, não vai formalizar aquela família, que estava bonita. Uma felicidade que a gente estava”, completou.
Mestre de capoeira Moa do Katendê foi morto a facadas em um bar de Salvador — Foto: Reprodução/Facebook
Romualdo Rosário da Costa, mais conhecido como mestre Moa, de 63 anos foi esfaqueado após dizer ao suspeito do crime, Paulo Sérgio Ferreira de Santana, de 36 anos, que era contra o candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PLS) e que tinha votado no PT. Paulo foi preso e confessou o crime. Após audiência de custódia, ele teve a prisão preventiva decretada e vai aguardar o julgamento no Complexo Penitenciário de Salvador.
O primo da vítima, Germínio do Amor Divino Pereira, 51 anos, que ficou ferido no mesmo ataque, teve alta na terça-feira, e contou como o crime aconteceu.
Mestre Moa era compositor, dançarino capoeirista, ogã-percussionista, artesão e educador na propagação afro-brasileira.
O músico baiano Gilberto Gil usou as redes sociais na terça-feira para homenagear a vítima. O cantor destacou em uma publicação pelo Instagram, a contribuição cultural do capoeirista.
Gil fez postagem em tributo a Moa — Foto: Reprodução/Instagram
Na segunda-feira, os cantores Caetano Veloso e Daniela Mercury também fizeram homenagens ao mestre.
Sob muita comoção e em meio a várias homenagens, Moa do Katendê foi enterrado no final da tarde de segunda-feira, no Cemitério Quinta dos Lázaros, na capital baiana.
Crime
Moa do Katendê foi morto a facadas — Foto: Reprodução/Facebook
Segundo informações da Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA), Paulo Sérgio reagiu com violência após ouvir o mestre de capoeira afirmar que o grupo com o qual ele estava votava no PT. Em seguida, Paulo saiu do bar e foi em casa, onde pegou uma faca do tipo peixeira e depois retornou para o local onde Moa estava e esfaqueou o capoeirista.
O suspeito fugiu por um beco, mas foi preso pela Polícia Militar logo após o crime. Os PMs foram acionados por testemunhas. Segundo a polícia, em depoimento, o suspeito afirmou que entrou em luta corporal com o mestre de capoeira antes de esfaquear a vítima.
"Ele [Paulo Sérgio] disse que no momento em que ele voltou para o bar, ele se embolou com a vítima. As testemunhas não confirmam essa versão. Inicialmente, eles discutiram por divergência política", disse a delegada Milena Calmon.
Ainda conforme a polícia, o suspeito ainda disse que foi xingado e que estava consumindo bebida alcoólica desde o início da manhã de domingo. A polícia informou que ele disse que estava arrependido de ter cometido o crime.
Enterro do capoeirista Moa, em Salvador — Foto: Alan Tiago Alves/ G1
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