Venezuelanos improvisam acampamento próximo a abrigo lotado a espera de vagas em RR

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Na Mira do Povo

Venezuelanos improvisam acampamento próximo a abrigo lotado a espera de vagas em RR



A esquina entre duas ruas do bairro Jardim Floresta tem se transformado em um novo acampamento a céu aberto de venezuelanos. Eles se aglomeram como podem enquanto aguardam o surgimento de novas vagas em algum dos oito abrigos para imigrantes de Boa Vista, que estão todos lotados.


O improviso fica próximo ao abrigo que leva o nome do bairro, na zona Oeste da capital. A ocupação, está fixada entre a ruas Sizenando Cavalcanti e Antônia Costa Uchô, distante cerca de 40 metros do abrigo Jardim Floresta, o maior em quantidade de amparados no estado.


O local, assim como todos os outros de Boa Vista e da cidade de Pacaraima, está lotado. Apesar de ter uma capacidade inicial de receber 600 pessoas, ele conta hoje com 664 imigrantes, a maioria famílias, segundo a Força-Tarefa Logística Humanitária.


Até ser desocupada há um mês, a Praça Simón Bolívar era o principal ponto de aglomeração de venezuelanos em Boa Vista. Lá chegaram a viver mais de 1.000 pessoas. Quando foi descoupada, eram cerca de 800 imigrantes, que foram alojados nos abrigos da capital.


Fechada sob justificativa de manutenção, a praça deixou de ser ocupada e agora um dos pontos de parada de venezuelanos recém chegados a Roraima e que não tem para onde ir é em frente ao abrigo Jardim Floresta.


Segundo estimativas dos próprios estrangeiros, cerca de 100 pessoas tem o local como morada, mas é pela noite que esse número aumenta.



Varal de roupas e colchonetes dos imigrantes se forma na cerca de um dos terrenos próximo ao acampamento (Foto: Alan Chaves/G1 RR)



A vida no local é bastante semelhante a que os venezuelanos viviam na praça Simón Bolívar, mas com o agravante do local ser aberto e sem árvores. A área de cerca dos terrenos virou um varal a céu aberto, onde os imigrantes utilizam para secar roupas de cama e colchões que ficam encharcados devido ao período chuvoso que atinge o estado.


Para tentar fugir das intempéries, eles se organizam em barracas e cabanas improvidas com lona, madeira e papelão. A comida é feita em latas de tinta ou panelas doadas. O fogo por aqui é a lenha, alimentada com restos de madeiras encontradas no bairro.


Ruhmari Lorema, de 35 anos, conhece a realidade de viver na rua. A imigrante chegou ao Brasil há um mês, vindo da cidade de El Tigre, no Norte da Venezuela, acompanhada do marido e da filha. Ela aguarda o surgimento de novas vagas nos abrigos porque na rua não tem mais condições de viver.


Junto com a filha e o esposo eles partilham de uma estrutura improvisada feita por eles mesmos, com lona preta e madeira.



"Saí do meu país em busca de uma vida melhor e aqui encontrei isso. Pegando sol e chuva, eu e minha filha acabamos ficando gripadas", disse a venezuelana Ruhmari




Ela explicou que atualmente só o marido trabalha. Ele é ajudante de pedreiro e vive de diárias, o que tem contribuído para o sustento da família.



Ruhmari Lorema, de 35 anos, lava roupas na rua próxima ao abrigo Jardim Floresta (Foto: Alan Chaves/G1 RR)



Diferente da realidade da família de Ruhmari, a venezuelana Laura Benavides, de 23 anos, ainda não conseguiu emprego e vive fazendo bicos nos semáforos da capital. Ela chegou a Roraima há quatro meses e vive há um na rua em frente ao abrigo com o esposo e filha.


Ela também é da cidade de El Tigre e contou que veio parar na rua após os proprietários da chácara onde eles trabalhavam como caseiros despedirem a família.


"Meu marido veio há oito meses e me trouxe há quatro. Lá [chácara] cuidávamos de tudo, mas infelizmente nossos patrões tiveram problemas financeiros e tiveram que nos dispensar", disse Laura.


Agora na rua ela convive com outros venezuelanos que também aguardam o surgimento de vagas nos abrigos de Boa Vista.



Laura Benavides tinha emprego em Roraima, mas foi despedida e teve de ir morar na rua (Foto: Alan Chaves/G1 RR)


Segundo a assessoria da Força-Tarefa Humanitária do Governo Federal, que coordena as ações relacionadas à imigração venezuelana em Roraima, todos operam com capacidade total de atendimento.


Atualmente o estado conta com nove abrigos mantidos pelo Governo Federal em parceria com a prefeitura de Boa Vista, o Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) e instituições parceiras. O número total de venezuelanos abrigados chega a 4,1 mil imigrantes.


"Dos mesmos moldes que fizemos quando retiramos as pessoas desassistidas da praça Capitão Clovis e da Simón Bolivar, nós iremos leva-las e conduzi-las para novos abrigos que estão sendo preparados", disse o coronel Lima Gonçalves, assessor da Força-Tarefa.



Oito dos abrigos estão em Boa Vista. A maioria na zona Oeste da capital, apenas um opera no Centro da cidade. Dois deles - Santa Tereza e Latife Salomão - são temporários.


De acordo com a Força-Tarefa, outros dois novos abrigos, localizados no bairro 13 de Setembro, estão previstos para serem abertos até o final do mês de junho e devem atender venezuelanos em situação de rua. O número de novas vagas em cada um será de 400 a 500 pessoas.

FONTE G1

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