O dólar fechou em queda nesta sexta-feira (15), após o Banco Central anunciar que vai aumentar sua atuação no mercado na próxima semana, trazendo mais alívio para os investidores diante da cena política e fiscal no país. A decisão veio depois da disparada da moeda na quinta, que subiu mais de 2%, a R$ 3,81.
A moeda norte-americana caiu 2,16%, vendida a R$ 3,7289. Veja mais cotações. Na mínima do dia, chegou a R$ 3,7156.
Na semana, o dólar teve alta de 0,58%. No mês de junho, acumula queda de 0,18%. Já no ano, a moeda tem valorização de 12,54%.
Já o dólar turismo era negociado perto de R$ 3,88, sem considerar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Na quinta-feira, o dólar avançou 2,65%, a R$ 3,8111.
BC atuará com mais US$ 10 bilhões
Na quinta, o Banco Central e o Tesouro Nacional anunciaram novas medidas com objetivo de reduzir a pressão sobre a cotação do dólar e dos juros futuros, além de uma norma do Conselho Monetário Nacional.
Uma semana após anunciar que atuaria "enquanto necessário" para prover liquidez a investidores, o BC informou que fará de 18 a 22 de junho oferta adicional de US$ 10 bilhões em contratos de swap cambial, equivalentes à venda da moeda no mercado futuro, e que não descarta ultrapassar consideravelmente os limites do que a autoridade monetária já fez no passado. O objetivo é controlar o avanço do dólar.
Entenda: swap cambial, leilão de linha e venda direta de dólares
O Banco Central corre contra o tempo para cumprir sua promessa e injetar um volume bilionário de swap cambial no mercado até esta sexta-feira. Isso porque, há uma semana, o órgão informou que colocaria no sistema US$ 20 bilhões em contratos novos de swap, para além da oferta diária de US$ 750 milhões.
O BC reafirmou ainda que colocaria todo esse volume em swaps até esta sessão, que somava o equivalente a US$ 24,5 bilhões.
Nesta sessão, o BC já realizou a venda de 35 mil novos swaps, totalizando US$ 20,5 bilhões desde então, segundo a Reuters.
Além disso, anunciou a oferta de até 8.800 swaps cambiais tradicionais para rolagem do vencimento de julho.
"Já existia expectativa de que ele (BC) continuaria atuando", afirmou à Reuters o superintendente da Correparti Corretora, Ricardo Gomes da Silva. "O mercado já se convenceu de que ele está fazendo o que está dizendo. Se os US$ 10 bilhões não forem suficientes, coloca mais. O BC tem lastro para isso", acrescentou.
Mercado local e externo
O mercado doméstico piorou nas últimas semanas após a greve dos caminhoneiros, em maio, elevar as preocupações com a deterioração do quadro fiscal do Brasil, com a redução do preço do diesel gerando impacto bilionário sobre as contas do governo.
Além disso, pesquisas eleitorais mostraram dificuldade dos candidatos que o mercado considera como mais comprometidos com ajustes fiscais de ganhar tração na corrida presidencial.
"O fato de o BC falar o valor que pretende ofertar acaba favorecendo a especulação", afirmou o operador de câmbio de uma corretora nacional à Reuters, ao criticar o anúncio do montante a ser injetado no mercado.
A cena externa também tem ajudado a pressionar as cotações no mercado local, sobretudo com a expectativa de que os juros nos Estados Unidos subam mais e acabem atraindo recursos aplicados hoje em outras praças, como a brasileira.
Mercado de títulos
Já o Tesouro mudou a forma de oferecer liquidez ao mercado de títulos da dívida e informou que pode fazer na próxima semana leilões diários de compra e venda de três diferentes papéis "em razão das condições vigentes no mercado".
O CMN alterou pela segunda vez no ano uma regra imposta a entidades de previdência complementar, que resultará na redução de R$ 70 bilhões do estoque de títulos públicos longos detidos por elas, "contribuindo também para estabilidade na curva de juros".
A decisão ocorre após atuação coordenada de BC e Tesouro não serem suficientes para impedir que o dólar voltasse a acumular alta neste mês, pressionado pela perspectiva de fim do plano anunciado pelo BC na semana passada.
O Tesouro vem fazendo desde o fim de maio leilões de compra e venda de títulos da dívida com vencimentos de curto, médio e longo prazo, como forma de permitir a saída de investidores que não queiram ficar com os papéis em cenário de aversão a risco.
Variação do dólar em 20
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