Eleição na CBF deve ter candidato único. E indicado por Marco Polo Del Nero

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Na Mira do Povo

Eleição na CBF deve ter candidato único. E indicado por Marco Polo Del Nero



Por Martín Fernandez, São Paulo

Marco Polo Del Nero tinha um plano para 2018: reeleger-se presidente da CBF em abril, para quatro anos depois reeleger-se de novo e manter o poder até 2027. A suspensão imposta pela Fifa frustrou os planos do cartola e nublou todo o cenário político da Federação. Del Nero está afastado até 15 de março, com possibilidade de ampliação da pena até 30 de abril. Dentro deste prazo, a Fifa deve anunciar uma punição definitiva ao cartola, o que deve acelerar o processo eleitoral na CBF.


A eleição pode ser marcada para qualquer momento entre abril de 2018 e abril de 2019. A convocação tem que partir do presidente interino da CBF, Antonio Carlos Nunes, que ocupa o cargo na ausência de Del Nero. Enquanto a data permanece uma incógnita, está cada vez mais claro que o processo terá um candidato único, saído do grupo comandado por Del Nero. Mais uma vez, não haverá movimentos de oposição – em parte porque as regras do jogo dificultam (mas não impedem) a presença de outsiders, em parte porque não houve nenhuma articulação nesse sentido.


Dois nomes disputam essa indicação: Rogério Caboclo, diretor executivo de gestão da CBF, e Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da Federação Paulista de Futebol. É como se, dentro de um mesmo partido político, houvesse uma corrida entre o ministro da Casa Civil e o governador do estado mais importante do país. O embate não se dará na eleição, mas num jogo de bastidores prévio. Quem ganhar, será aclamado presidente.



Rogério Caboclo, diretor executivo de gestão da CBF (Foto: Divulgação CBF)


Nem Caboclo e nem Carneiro Bastos admitem publicamente que são candidatos. Mas o colégio eleitoral – formado pelos presidentes das 27 federações estaduais e dos 40 clubes das Séries A e B – já vê claros movimentos de um e de outro.



Segundo a mudança de estatuto aprovada em março de 2017, os votos das federações têm peso 3, os dos clubes da Série A têm peso 2 e os da Série B têm peso 1. Ou seja: as federações controlam 81 votos, contra 60 dos clubes. Para conseguir registrar uma chapa, é preciso ter o apoio declarado de oito federações e cinco clubes da Série A.


Este é o principal motivo pelo qual não haverá "novatos" na eleição para presidente da CBF. É praticamente impossível para qualquer candidato de oposição conseguir o endosso de uma federação estadual – todas são alinhadas à atual direção da CBF e nenhuma se dispõe a assinar uma carta de apoio a um opositor. Quanto mais oito.


Além da regra eleitoral, há o poder da "máquina". A CBF paga uma mesada de R$ 75 mil a cada presidente de federação estadual, a título de "verba de representação". Como citou Galvão Bueno no programa "Bem, Amigos" desta semana, a confederação vai bancar a viagem de quase todo o colégio eleitoralpara a Copa do Mundo da Rússia.


Os 27 presidentes das confederações estaduais e mais 10 presidentes de clubes – Bahia, Atlético-MG, Ceará, Atlético-PR, São Paulo, Avaí, Guarani, CRB, Brasil de Pelotas e Paysandu – vão viajar para a Rússia e acompanhar os três jogos da seleção brasileira na fase de grupos da Copa do Mundo. Em nota, a CBF informou que a viagem dos dirigentes é "uma oportunidade de desenvolvimento do futebol brasileiro".



Reinaldo Carneiro Bastos, presidente Federação Paulista de Futebol (Foto: Fernando Calzzani / FPF)



Desde que a Fifa anunciou a abertura de uma investigação contra Del Nero, em dezembro de 2015, Reinaldo Carneiro Bastos foi apontado como seu "sucessor natural". Afinal, comanda a federação estadual mais rica do país e tem boa relação com vários dirigentes dos grandes clubes. Sua indicação para representar o Brasil no Conselho da Conmebol reforçou a impressão de que o escolhido seria ele. Bastos virou o interlocutor dos clubes brasileiros na confederação continental.


A situação começou a mudar nos últimos meses, quando a CBF passou a "trabalhar" a imagem de Caboclo. Inicialmente escalado para cuidar das finanças da entidade, o dirigente passou muito tempo dizendo "não" a pedidos de clubes e federações – justamente quem vota para presidente.


Recentemente, o dirigente liderou o movimento pela mudança no Profut que evitou punições a clubes e federações. No início do mês, Caboclo autorizou o aumento (de 28 para 30) no número de passagens aéreas que a CBF bancaria para clubes das Séries B e C durante o Brasileirão.


Tudo isso, claro, se Marco Polo Del Nero não sobreviver ao processo do qual é alvo no Comitê de Ética da Fifa. No improvável caso de arquivamento do caso, o presidente da CBF volta ao comando e retoma seu plano de manter-se no poder até 2027.

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