Bolsonaro e Doria e se denominam oposição a Lula e sobem nas pesquisas

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Na Mira do Povo

Bolsonaro e Doria e se denominam oposição a Lula e sobem nas pesquisas



A falta de lideranças políticas no Brasil e desconfiança popular de políticos já testados e envolvidos em denúncias de corrupção tornam a eleição presidencial do próximo ano uma verdadeira incógnita.
A busca de alternativas para construir um novo País torna-se ainda mais complicada pela crença, ainda comum, na existência de um salvador da pátria. A baixa participação popular nos debates das grandes questões nacionais e a ausência de pressão sobre os representantes da população explicam o complexo cenário atual.
Mais uma constatação dessa desconfiança generalizada dos brasileiros é a pesquisa Barômetro Político, realizada pelo Instituto Ipsos e divulgada na última semana. O levantamento apontou que a desaprovação entre as grandes personalidades e os possíveis presidenciáveis no próximo ano supera a marca dos 50%. 
Até mesmo o nome mais bem avaliado desde abril de 2016, o juiz federal Sérgio Moro, viu, em um mês, sua rejeição subir de 28% para 37%, enquanto o índice de aceitação recuou nove pontos percentuais (de 64% para 55%).
“Falar de um não político agora para disputar a Presidência seria o óbvio. Os resultados apontam para essa possibilidade. O desgaste com a política estourou em 2013 e veio para ficar em 2015. Ainda não temos um nome para ocupar esse espaço”, disse um dos responsáveis pela sondagem, o diretor do Ipsos, Danilo Cersosimo.
Para ele, mais importante do que a adivinhação da bola da vez é o panorama de hoje, que aponta para um aspecto ainda pouco explorado pelos pré-candidatos a presidente: o discurso da unificação.
“A polarização é muito ruim para o País em curto, médio e longo prazos, porque pode nos levar a uma eleição de 2018 com um cenário desastroso, pulverizado e sem o mínimo debate para o Brasil sair da crise. A proposta de uma agenda nacional está completamente perdida. Ninguém está fazendo isso”, lamentou.
Mas como atingir esse objetivo sem passar a ideia de falsidade para a população? O especialista entende que esse discurso não pode ser vazio e será mais exitoso entre aqueles com menor índice de rejeição.
Com base no que vem sendo observado, Cersosimo aposta em um elevado número de abstenções e um patamar elevado de votos brancos e nulos no pleito do próximo ano. Por causa dessa insatisfação, o integrante do instituto teme que a população aposte em um “salvador da pátria”, o que seria péssimo para o Brasil.
“Neste momento de dificuldade, é importante apresentar saídas para a crise econômica e mostrar ações concretas. Isso vai pesar muito. Essa fala deve vir de alguém que tenha alguma consistência para se apresentar como um líder. Esse vácuo de lideranças pode ser preenchido por um discurso demagógico, extremista ou de conciliação”, justificou.
Nova postura do eleitor
Após o Brasil registrar um verdadeiro clima de guerra nas redes sociais durante o pleito de 2014, marcado por xingamentos, ofensas e amizades desfeitas, Cersosimo acredita que o ambiente é propício para cidadãos exigirem postura diferente dos candidatos, a fim de que eles apresentem propostas para os grandes temas do País.
O diretor, porém, acredita que essa perspectiva dependerá muito do comportamento dos concorrentes e da diminuição das falas extremistas. “Isso vai depender muito também da maneira como as pessoas absorveram essa nova maneira de discutir política em um cenário de acirramento, de fake news (notícias falsas) e crescimento das redes sociais”, disse.
Quem são eles?
Uma das questões mais difíceis de responder para os analistas consultados por A Tribuna é quanto aos possíveis candidatos à Presidência da República no próximo ano, devido à incerteza do quadro eleitoral.
Para o doutor em Sociologia pela Universidade Estadual de São Paulo (Unifesp) André Rocha Santos, o ponto chave é apenas um: o fator Lula, que não pode ser subestimado.



“Caso ele consiga participar do pleito, todo um campo político irá, por atração, em sua direção, como setores de esquerda e do centrão. E também haverá a tendência de surgir o contraponto”, destacou.
Na visão do docente, as principais figuras “anti-Lula” são o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) e o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB). “Não gosto desse papel, pois só mostra que o candidato é contrário e não apresenta propostas para resolver impasses importantes pelos quais o País está vivendo”.
Conforme o cientista político Rafael Moreira Dardaque Mucinhato, é muito cedo para traçar um panorama para 2018. “Há um somatório de incertezas muito grande, como a Operação Lava Jato, a reforma política, as condições de financiamento e o desgaste dos três principais partidos do Brasil – PMDB, PSDB e PT. Isso torna tudo muito volátil”.
Esperança
Apesar do sentimento de pessimismo, o sociólogo Célio Nori entende ser preocupante o fato de as pesquisas trazerem como líderes “salvadores da pátria”, como defensores do bem contra o mal.
“Não há uma proposta efetiva para reverter os graves problemas nacionais. Eles se valem predominantemente de atitudes demagógicas em uma lógica de mercado eleitoral. No entanto, ainda há tempo para o surgimento de candidaturas alternativas e que fujam desse padrão”, considerou.
A ausência de propostas para o Brasil e a repetição de mantras por políticos representa a falência no surgimento de lideranças políticas. Essa é a opinião do advogado e ex-professor de Teoria Política da Universidade Católica de Santos (UniSantos), Pedro Paulo Angrisani Gomes.
“O prognóstico e a esperança de muitos está no possível aparecimento de alguém ou de um grupo de pessoas com perspectiva política, com propostas e moral, que seja capaz de unir e conciliar o País”, explicou.
Pesquisa
A pesquisa Barômetro Político faz parte do programa Pulso Brasil, que é apresentado pelo Instituto Ipsos como o mais completo monitoramento de opinião pública sobre política, economia, consumo e questões sociais realizado no País. Esse levantamento sobre a aprovação das personalidades é feito todo mês. A sondagem do mês passado ouviu 1.200 pessoas de 72 municípios (com margem de erro de três pontos percentuais).
Veja abaixo o índice de desaprovação de algumas figuras do País:
- Michel Temer (presidente)-93%
- Aécio Neves (senador)-91%
- José Serra (senador)-82%
- Geraldo Alckmin (governador)-73%
- Rodrigo Maia (presidente da Câmara)- 72%
- Luiz Inácio Lula da Silva (ex-presidente) –66%
- Marina Silva (ex-ministra do Meio Ambiente) – 65%
- Ciro Gomes (ex-governador do Ceará) –63%
- Henrique Meirelles (ministro da Fazenda) –62%
- Jair Bolsonaro (deputado federal) – 56%
- João Doria (prefeito de São Paulo) – 52%
- Luciano Huck (apresentador de TV) –42%
- Sérgio Moro (juiz federal) – 37%
- Joaquim Barbosa (ex-ministro do Supremo Tribunal Federal) – 36%

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